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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

FILHOS RESPONSÁVEIS


FILHOS RESPONSÁVEIS

Prof. Ms. Mônica Nardy Marzagão Silva
Julho / 2008

Outrora era muito corriqueiro escutarmos alguém pronunciar o chavão “criança não tem que querer nada”. Contudo, na esfera educacional, com as alterações advindas no século XX, as pessoas, sobretudo os pais, foram aprendendo a respeitar os infantes, percebendo que eles têm “aspirações, desejos e aptidões peculiares”, destarte como nós adultos.

Essa alteração na conduta suavizou o relacionamento entre pais e filhos, tornando-o mais fidedigno e menos imperioso. O autoritarismo paterno foi suprido por uma “relação de sintonia” em que há lugar para o diálogo e o entrosamento.

A aludida inovação na maneira de educar é mais complexa do que se pode conceber, uma vez que os pais estão tendo certos embaraços com os novos paradigmas educacionais. O enigma surge quando os pais precisam optar entre dizer sim ou não. Hoje recusar qualquer coisa para um filho toma dimensões assombrosas, já que os pais assimilaram o não como um causador de “perturbação emocional” em seus filhos. Quão intensamente os pais fazem, mais a progênie quer que façam. Assim, os genitores ficam exaustos e, o que é pior, aborrecidos, apreensivos e desnorteados, em decorrência disto os pais vituperam, punem e até açoitam os filhos.

A colocação de limites não denota bater nos filhos, aí não há aprendizagem, isto é, mudança de comportamento. Exclusivamente foram interrompidas determinadas condutas por receio de surras. O aprendizado da criança se dá por intermédio da compreensão, ou seja, do entendimento do que é certo ou errado. À vista disso é fundamental ininterruptamente aclarar a razão do não. O não precisa ser empregado com discernimento e não aleatoriamente conforme o estado de humor. É muito corriqueiro os pais colocarem uma norma quando estão enfastiados e/ou tensos e no dia subseqüente o mesmo preceito não ser mais apropriado. O não necessita ser empregado quando existir um ensejo real.

O limite afiança, alicerça metodologicamente e dá diretiva educacional aos pais, libertando-os da culpa e da indecisão que os angustiam. Ele é o baldrame para a realização do que se contornou como o mais intricado dos afazeres dos genitores: o que não pode ou o que não deve ser ultrapassado pelos filhos.

Façamos algumas ponderações que podem auxiliar os pais a educar sua descendência com limites sem arruinar a autoridade. Os genitores não precisam hesitar quanto à necessidade de que dar limites é imprescindível, porque são os limites que principiam o curso da percepção e apreensão da outra pessoa. Para se respeitar o próximo é essencial a demarcação de direitos e deveres, logo os filhos devem ter ciência de que não é facultativo tudo o que se almeja na vida.

A criança, na primeira infância (até seis anos), ainda não desenvolveu um juízo do que é ético. Deste modo, os pais terão que informar e indicar devagar o que se pode ou não fazer, através de conversas e exemplos.

A criança nessa idade vive a procura do deleite e, na maior parte das vezes, quando é contrariada fica enfurecida, caprichosa e acintosa, diga-se de passagem, o que é natural para a faixa etária. No entanto, se prematuramente não forem convencionados os limites, o que suscita gracejos aos três ou quatro anos, torna-se intolerável aos seis ou sete anos. Nessa fase os pais necessitam de muita tranqüilidade, resignação e obstinação, pois ao a criança ter um comportamento impróprio, o pai e/ou a mãe devem manter a mesma atitude consistente, todavia com amor e afabilidade. No transcorrer do tempo o infante abandonará a conduta inadequada, já que toda criança opta por um sorriso a um olhar de censura. Se a criança permanecer desenvolvendo-se sem limites as implicações serão muito mais nefastas, roubando dos pais o comando da situação.

Aplaudir e premiar o bom procedimento são tão importantes quão sujeitar os filhos a assumirem a responsabilidade por suas ações. As crianças que são somente repreendidas, não se sentem estipuladas a terem performances adequadas, uma vez que acreditam que mesmo agindo corretamente jamais serão prestigiadas e que apenas receberão palmadas e punições. Entretanto recompensar um bom comportamento, não se constitui, necessariamente, em mimosear materialmente. Deve-se valer do presente material em ocasiões especiais, senão os filhos ficarão mal acostumados aspirando constantemente a um “agrado” permutado por um bom comportamento.

Para fazer os filhos assumirem a responsabilidade pelos seus atos, deve-se agir prontamente, dialogando, elucidando, fazendo com que pensem a propósito de seus deslizes, jamais admoestando a pessoa e sim o seu modo de proceder, por exemplo: filho não é certo pegar o que não é seu sem solicitação prévia ao invés de você é malandro, safado, desonesto e egoísta. Quando se relaciona o acontecimento a um predicado particular, o filho poderá crer que é deste modo e não mudará, já que os pais sempre o censuram dessa maneira.

Você advertiu seu filho de que ele não pode jogar bola na sala, já que se pode quebrar um objeto, e mesmo assim ele o fez, convencione uma implicação, ato contínuo, ao sucedido, por exemplo: faça-o limpar (conforme a idade a fim de não se cortar) e deduza da mesada a importância do artefato quebrado, uma vez que a responsabilização é indispensável. Lembrando-se sempre que ao responsabilizar o filho deve-se ter como referência a adequação justa e lógica à dimensão do erro.

Cumpra e perpetre o cumprimento das normas, para não invalidar sua autoridade ao dar limites, ou seja, leve a efeito a palavra dada. Parece simples compensar o bom procedimento e condenar e desestimular o contrário, contudo os resultados podem não ser imediatos, quando se trata de educação o desfecho não ocorre velozmente, reitera-se e explica-se a exaustão a mesma coisa até produzir o efeito certeiro.

Ao ser enaltecido seu filho aprende que atitudes socialmente corretas podem lhe trazer “benesses”, já que todos querem ser apreciados e queridos. Não desperdice ocasiões de elogiar, abraçar e beijar sua prole, evidenciando seu amor e perfilhando suas qualidades. Premiar é afinal mais satisfatório do que penitenciar!

A empreitada dos pais é gerar cidadãos éticos, solidários, honestos, humanitários, com valores nobres e respeito ao próximo, isto se ambicionarmos que eles vivam num mundo melhor, mais eqüitativo e fraterno!


Referências

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HOLT, J. Aprendendo o tempo todo: como as crianças aprendem sem ser ensinadas. Campinas (SP): Verus, 2006.
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PEDRO-SILVA, N. Ética, (in) disciplina e relação professor-aluno. In: LA TAILLE, Y de. Indisciplina/disciplina: ética moral e ação do professor. Porto Alegre: Mediação, 2006.
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PRIORI, M. D. (Org.). História da criança no Brasil. 5ª edição. São Paulo: Contexto, 1998.
POSTMAN, N. O desaparecimento da infância, Petrópolis RJ: Graphia. 1999.
TIBA, I. Disciplina: o limite na medida certa. 37ª edição. São Paulo: Editora Gente. 1996.

WINNICOTT, D.W. A criança e o seu mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
ZAGURY, T. Limites sem trauma. 20ª edição. Rio de Janeiro: Record, 2001.

Prof. Ms. Mônica Nardy Marzagão Silva
Professora Mestra em Educação e Doutoranda em Infância e Estatuto da
Criança e do Adolescente, Pedagoga, Psicopedagoga, Consultora de Educação,
Terapeuta de Crianças e Adolescentes e Practitioner PNL.
momarzagao@uol.com.br



Fonte: http://www.abpp.com.br/artigos/89.htm

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