Mostrando postagens com marcador Princípio de Peter na política à portuguesa. Má-fé na política. Evocação de Kant. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Princípio de Peter na política à portuguesa. Má-fé na política. Evocação de Kant. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Princípio de Peter na política à portuguesa. Má-fé na política. Evocação de Kant



- Toda a Política, como na Publicidade, a mentira e a simulação são artes sempre constantes com vista à manutenção da opacidade, por vezes em demasia. Quem está a enganar quem? Qual é a diferença... entre Gigante e Jumbo? Quarto e Quarto Completo? Duas onças e duas grandes onças? O que quer dizer Extra Longo?

- E quando se apura o nível da responsabilidade, sacrifica-se primeiro quem? O topo, o intermédio ou o nível inferior? Por regra, é o mexilhão o primeiro a estourar, e é assim para se poupar o nível superior numa contínua rotação de iresponsabilidade política, ou de que esta "morre sempre solteira". E assim chegamos ao Príncipio de Peter - associado ao prémio da incompetência, especialmente quanto mais elevado for o nível da responsabilidade na organização, na sociedade ou, pasme-se, dentro do próprio aparelho de Estado.

- Portugal continua decadente e decrépito, finge não ver os problemas e quem os pratica, e, perversamente, acaba por premiar - ainda que por omissão - aquele(s) que nem para o lugar de motorista serviriam.

- Portugal tem, acima de tudo, um problema de miopia política, o resto são "bodes respiratórios" que em breve irão morrer à praia...
 
- Contudo, se quisermos elaborar um pouco mais o nível da análise, notamos que em Portugal a classe política tem uma mente selectiva, só vendo o que lhe interessa, ocultando o que não interessa. Tem sido assim desde 1974. Significa isto que o escol dirigente nacional, quiça resultado de quase 40 anos de ditadura em que todos desconfiavam de todos, e em que o delator era premiado quando denunciava o vizinho, padece do mal designado má-fé. Não a que se contenta com insultos, mas a que remete os comportamentos e as acções para a denegação da realidade, por vezes elevando os actores políticos em dificuldades ao patamar dop lirismo.
 
- É, pois esta má-fé, sem desculpar a classe jornalística que é, não raro, descuidada, pouco ilustrada e até iresponsável (porque politicamente inimputável), que se alimenta da negação da realidade que não interessa ao poder em funções e tende a gestionar uma verdade alternativa - que sirva os intentos desse poder - e que opere, ao nível da opinião pública, como uma espécie de evidência paralela ou realidade alternativa.
 
- No fundo, aquele que mente, ou oculta dados essenciais nos negócios do Estado, logo integrantes da vida da polis, como é (ou deveria ser!) a gestão de um assunto ultra-sensível como é a intelligence nacional, - e aquele a quem se mente, são a mesmíssima pessoa. Também é isso que distingue o homem de má-fé do cínico, que nem por um momento se preocupa em dissimular a si mesmo na sua intenção de mentir. Estas relações ganham foros de cidade quando o quadro das interacções entre as esferas política e mediática entram em modo de "sobre-aquecimento".
 
- Numa palavra, e dito doutro modo, sempre com o auxílio potente da reflexão filosófica, a mais abrangente no domínio das CSH, a má-fé distingue-se da mentira clássica, já que, contráriamente a esta, não supõe uma consciência da verdade ocultada. A esta luz, o actor político de má-fé mente - primacialmente - a si próprio, dado que o seu nível de cultura política e de consciencialização dos problemas (públicos) que tem em mãos são de tal modo relativizados (para não dizer ignorados) que ele se perfila num acto recortado pela auto-mentira, i.é, pela mentira interior de Kant.
 
- Quando assim é tudo é relativizado: o mal e o bem equivalem-se, o correcto e o incorrecto anulam-se, o politicamente aceitável e o politicamente inaceitável - passam a ser geridos por uma fina membrana que também se rompe nessa avaliação.
 
- E a este propósito até apetece citar o poeta-filósofo, Fernando Pessoa quando, vendo o cego parado no meio da estrada, se pergunta - verdade, mentira, certeza, incerteza são as mesmas. Ou será que qualquer coisa mudou numa parte da realidade que nem já a ciência tem capacidade de prever... 
 
- Afinal, o que é o real?! Será que relvas existe...


PS: Texto evocativo do imenso legado kantiano.
 

Obrigado pela visita, volte sempre.

Manda para seu amigo ou sua amigo não desistir ainda dá tempo.

Obrigado pela visita, volte sempre. Se você observar que a postagem, vídeo ou slidshre está com erro entre em contato.