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sábado, 13 de setembro de 2008

Rousseau: A arte da Filosofia, Literatura e Educação.


Rousseau: A arte da Filosofia, Literatura e Educação

Agnes Cruz de Souza
agnescruz@zipmail.com.br
Curso de Graduação em Ciências Sociais
Unesp – Campus de Araraquara/FCL


"É preciso estudar a sociedade pelos homens, e os homens pela sociedade: os que quiserem tratar separadamente da política e da moral nunca entenderão nada de nenhuma das duas"

Jean-Jacques Rousseau, Emílio ou da Educação


A vida de Rousseau

Tão importante quanto a descrição proposta do Emílio de Rousseau, é o conhecimento de sua vida para que se possa demarcar sua posterioridade nas áreas de política, filosofia, psicologia infantil, literatura, sociologia, entre outras.

Jean Jacques Rousseau foi um dos mais considerados pensadores europeus no século XVIII. Sua obra inspirou reformas políticas e educacionais. Nasceu em Genebra, na Suíça em 28 de junho de 1712 e faleceu em Ermenonville, nordeste de Paris, França em 2 de julho de 1778. Foi filho de Isaac Rousseau, relojoeiro de profissão, com antepassados protestantes e apesar da profissão, nunca chegou a pertencer à aristocracia. Era um pouco mais pobre do que os demais irmãos em virtude de ter que dividir a herança com mais quatorze irmãos. Casou-se com Suzanne Bernard, filha de um pastor de Genebra. A mãe de Rousseau viera a falecer poucos dias após seu nascimento. Rousseau tinha um irmão mais velho, François, que era mais velho sete anos e ainda jovem abandonou a família.

Rousseau foi criado na infância por uma irmã de seu pai e uma ama. Num certo momento, perdeu também o pai porque este, no ano de 1722, desentendendo-se com um cidadão de certa influência, ferindo- o no rosto num encontro de rua. Este incidente obrigou a seu pai deixar Genebra para não ser injustamente preso.

Junto ao seu irmão, Rousseau ficou com o tio Gabriel Bernard, engenheiro militar que era irmão de sua mãe e casado com uma irmã de seu pai.

Rousseau não teve educação regular, senão por certos períodos e não freqüentou nenhuma universidade. Era um autodidata. Ainda na casa paterna leu muito; lia para seu pai enquanto este trabalhava em casa nos misteres de relojoeiros, os livros deixados por sua mãe e pelo pastor, seu avô materno. Juntamente a estas leituras, Rousseau acrescentará muitas outras, especialmente livros de história.

Sob tutela de seu tio, foi enviado para Bossey, a fim de estudar com o pastor Lambercier.

Aos 12 anos, de volta a Genebra, passa alguns anos na casa de um tio (outro), aprendendo a desenhar com um primo. Nessa época pensou até em ser ministro evangélico por admirar a atividade, mas os recursos econômicos de que dispusera não eram suficientes para continuar os seus estudos nesse sentido. Assim, o sentimento de inferioridade social começa a ser alternante no caráter de Rousseau. Aos 14 anos será aprendiz na casa de um gravador e aos 16 anos de idade, foge da cidade para escapar aos maus tratos do patrão. De 1728 a 1742 vagueia e trabalha pelo sul da França, pelo norte da Itália, pela Suíça, lendo muito, ensinando música, vivendo de vários empregos, ao sabor das circunstâncias e de seus amores.

Em meio a muitas humilhações e angústias pelas quais passou, Rousseau tem melhor sorte ao ter amizade com o filósofo Condillac (1715-1780) e com Denis Diderot (1713-1784) que encomendou–lhe artigos sobre música para a enciclopédia.

Em 1745, liga-se a Thérèse Levasseur, com quem tem cinco filhos, ambos direcionados a orfanatos, porque Rousseau achava que não poderia cuidar deles sendo pobre e doente. Presencia-se em Rousseau a marca do remorso presente no resto de sua vida e para livra-se dele, preocupava-se sempre em encontrar justificativas.

Em 1746, com a morte de seu pai, Rousseau recebe uma pequena herança e pode sobreviver folgadamente.

Em 1749, ao visitar Diderot na prisão (estava preso devido a sua obra Lettre Sur lês aveugles), Rousseau leu o anúncio de um concurso da Academia de Dijon e sentiu grande emoção ante a perspectiva de concorrer com êxito. A questão era se a restauração das ciências e das artes tinha tendido a purificar a moral. Estimulado pelo amigo, enviou um trabalho. Seu ensaio, conhecido sob o título abreviado de Discurso sobre as ciências e as artes, ganhou o primeiro prêmio e sua publicação ao final do ano seguinte o tornou famoso.

No Discurso sobre as ciências e as artes (1750), Rousseau articulou o tema fundamental que corre através de sua filosofia social: o conflito entre as sociedades modernas e a natureza humana e ressalta o paradoxo da superioridade do estado selvagem, proclamando a "volta da natureza". Ao mesmo tempo denuncia as artes e as ciências como corruptoras do homem.

Nessa ocasião, Rousseau caiu doente e desenganado por médicos e pensa em reformular sua vida adaptando-se a doença e afastando-se da agitação da vida social.

A Academia de Dijon propõe novo trabalho, desta vez sobre a origem da desigualdade entre os homens. Para escrevê-lo, passeando nos bosques em Saint Germin, procura recriar na mente a imagem do homem natural. Desenvolveu o tema de que da própria civilização vinham os males que afligiam o homem civilizado. Considera os homens iguais no estado natural, quando viviam isoladamente como selvagens, e que a civilização se encarrega de introduzir a desigualdade. Embora sem êxito, sem o prêmio, é seu segundo escrito sensacional. Sua fama estava assegurada.

Em 1756, Rousseau escreve uma carta a Voltaire, dando-lhe conselhos sobre sua visão negativa do mundo. Rousseau diz que o livro "Cândido ou o otimismo" foi uma resposta sarcástica a seus pontos de vista otimistas, expressos naquela carta. Em 1756 também, põe-se a escrever o romance A nova Heloísa, típico de sua personalidade romântica.

Rousseau, um 1762 publica um de seus mais conhecidos e influentes trabalhos: Emílio ou da Educação e Do Contrato Social.

Os dois livros, após sua publicação, foram considerados ofensivos a autoridade e assim Rousseau inicia um período difícil de perseguições políticas. Seus problemas não são mais com amigos ou amantes, mas com o parlamento. Refugia-se em Neuchâtel. Voltaire, através de um panfleto critica Rousseau, magoando-o fortemente. Assim, pôs-se a escrever As Confissões, relatando toda a sua vida e pensamento, sendo assim uma espécie de auto-biografia sintetizando-o como homem, filósofo, educador e romântico.

Em seus últimos anos de vida, Rousseau escreve os Devaneios de um caminhante solitário, com descrições da natureza e dos sentimentos humanos. Falece em Ermenonville e é enterrado na Ilha de Choupos.

O pensamento de Rousseau

Rousseau é filósofo iluminista precursor do romantismo no Séc. XIX, e apesar de ser iluminista, era um crítico ao movimento.

Sendo característico do iluminismo, pensava que a sociedade havia pervertido o homem natural que vivia harmoniosamente com a natureza, livre de egoísmo, cobiça, possessividade e ciúme.

Rousseau recebe várias críticas de Voltaire que diz: ninguém jamais pôs tanto engenho em querer nos converter em animais " e que ler Rousseau faz nascer desejos de caminhar em quatro patas", mas a proposta rousseaniana é o combate aos abusos e não repudiar aos valores humanos.

A sua teoria política, é sob vários aspectos uma síntese de Hobbes e Locke. O ferro e o trigo civilizaram o homem e arruinaram a raça humana.

Rousseau não busca retornar o homem a primitividade, ao estado natural, mas ele busca meios para se diminuir as injustiças que resultam da desigualdade social. Indica assim alguns caminhos:

1.º - igualdade de direitos e deveres políticos ou o respeito por uma "vontade geral";

2.º - educação pública para todas as crianças baseadas na devoção pela pátria e austeridade moral.

3.º - um sistema econômico e financeiro combinados com os recursos da propriedade pública com taxas sobre as heranças e o fausto.

A pedagogia de Rousseau

Os pressupostos básicos de Rousseau a respeito da educação eram a crença na bondade natural do homem, e atribuir à civilização a responsabilidade pela origem do mal.

A educação deveria levar o homem a agir por interesses naturais e não por imposição de regras exteriores artificiais, pois só assim o homem poderia ser dono de si próprio.

Outro aspecto da educação natural está em não aceitar uma educação intelectualizada, levando ao ensino formal e livresco. O homem não é constituído apenas por intelecto, pois suas disposições primitivas, tais como os sentidos, os instintos, as emoções e os sentimentos existentes do pensamento elaborado são dimensões mais dignas de confiança.

Rousseau utiliza-se de novas idéias para combater as que prevaleciam em sua época há muito tempo, principalmente a de que a educação da criança deveria ser voltada aos interesses do adulto e da vida adulta. Introduz a concepção de que a criança é um ser com características próprias, e desse modo não podia ser vista como um adulto ou a partir de seu pensamento.

Com estas idéias, derrubou concepções vigentes que pregavam ser a educação, o processo pelo qual a criança adquire seus conhecimentos, atitudes, hábitos armazenados pela civilização, sem transformações.

Cada fase da vida, para Rousseau, tem suas características próprias. O homem e a sociedade modificam-se, e a educação é fundamental para a necessária adaptação a essas modificações.

Rousseau afirma que a educação não vem de fora, é a expressão livre da criança no seu contato com a natureza.

No contexto de sua época, Rousseau formulou princípios educacionais que permanecem até os nossos dias, principalmente quando afirmava: que a verdadeira finalidade da educação era ensinar a criança a viver e aprender a exercer a liberdade. Pode-se afirmar que as idéias de Rousseau influenciam diferentes correntes pedagógicas, principalmente as tendências não diretivas, no século XX.

Assim, podemos enfatizar que na verdade Rousseau é ao mesmo tempo amado e temido: sua obra e mesmo sua pessoa são fascinantes para uma época em que um novo homem se abria para novos tempos, em que um eu solitário e muito puro se abria para o futuro e sobretudo para a alma romântica que estava nascendo.

"Educação pública, educação privada, formar o homem ou o cidadão? Questões a partir do Emílio de Rousseau"

Rousseau, a partir da questão acima, propõe rever a contradição existente entre o homem e o cidadão, pois, segundo ele, não é possível a existência de um homem e um cidadão, pois nestas duas pessoas, existem contrapontos, sendo tipos opostos e excludentes.

No plano filosófico geral de Rousseau, a contradição homem/cidadão se dá através da contradição existente entre o homem e a sociedade.

Para Rousseau, o homem nasce bom e a sociedade o corrompe, ou seja, o homem através da história torna-se mau , com o objetivo de lesar o outro.

O homem primitivo era bom porque era natural.

A partir da questão da formação do homem ou do cidadão, como os homens poderiam voltar a ser bons?

Rousseau propõe sua solução política através do Contrato Social e a solução pedagógica é apresentada no Emílio.

A maldade existente entre os homens está presente no Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Nesse discurso Rousseau divide a evolução do homem em três estágios diferentes que remetem aos seguintes:

1.º Estado – homem natural
2.º Estado – homem selvagem
3.º Estado – homem civilizado

O homem natural é um animal que se integra a natureza e a mesma é generosa para com o homem (instinto e sensação), que vive isoladamente por vontade própria, independente do semelhante, mas dependente da natureza, de onde retira tudo o que precisa e é guiado pelo instinto da conservação (preocupação consigo).

O homem selvagem, que remete às sociedades indígenas já tem um interesse particular, marcas, vícios, conflitos a partir da consciência moral, de onde nasce a virtude.

O homem civilizado tem seus interesses particulares fortalecidos e entram em conflito pois sua consciência moral é abafada existindo a oposição de interesses.

Assim, o homem tornou-se egocêntrico e individualista, tornou-se um homem natural no mau sentido.

A contradição homem/cidadão no Emílio está presente num plano de princípios. Seu livro não trata de uma proposta de educação, mas sim de uma filosofia da educação com conceitos e idéias de modo abstrato do homem em geral.

Emílio é um personagem fictício para ilustrar os princípios de Rousseau em seu ensaio pedagógico sob forma de romance.

Como já foi relatado no início da discussão, a preocupação de Rousseau centra-se no objetivo de optar entre formar o homem ou o cidadão, na impossibilidade de haver os dois ao mesmo tempo já que são antagônicos e também são dois tipos puros, conceituais existentes no plano de princípios.

Para Rousseau, o homem, dito homem natural forma-se através da educação doméstica ou privada no seio da família. É um ser inteiro, de existência absoluta, relacionando-se consigo mesmo e tudo é para si mesmo. Como exemplo, pode-se citar o homem natural de que Rousseau trata no "Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens".

O cidadão é formado através do projeto educacional público assistido pelo Estado. O cidadão é uma fração, existindo na relação em um todo, tendo uma existência relativa. Rousseau exemplifica o cidadão como a mãe espartana que, diante de uma guerra é informada sobre a morte de seus filhos no decorrer da mesma, pouco importando-se com o fato, mas preocupando se sim com a vitória de sua pátria, demonstrando-se uma verdadeira cidadã.

A partir destas descrições, quem seria o "homem civilizado" do presente em relação a estes dois tipos (homem e cidadão)?

Na verdade, ele não seria nem um nem outro, pois a educação da sociedade não formaria nenhum deles, mas sim um ser misto.

Para a conciliação destes dois seres é necessário o conhecimento do homem natural (por exemplo, a criança, que é um) e assim, o cidadão somente poderá existir a partir deste homem natural, o qual será originado pela natureza e para vê-lo, a história individual será o caminho a seguir.

Referências Bibliográficas

FORTE, Luís Roberto Salinas. Rousseau: da teoria à prática. São Paulo. Ed. Ática, 1976.

STAROBINSKI, Jean. Jean-Jacques Rousseau: a transparência e o obstáculo. Tradução: Maria Lúcia Machado. São Paulo. Cia. Das Letras,1991

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social. Ensaio sobre a origem das línguas. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Discurso sobre as ciências e as artes. Tradução de Lourdes Santos Machado. 3.º Ed. São Paulo. Abril Cultural (Os Pensadores), 1983.

Agradecimentos:

Gostaria de parabenizar os coordenadores do curso: Prof. Dra. Karin Volobuef (Unesp) e Prof. Dr. José Oscar de Almeida Marques (Unicamp) pelo talentoso trabalho desenvolvido no Curso de Extensão do Rousseau. De uma forma clara e abrangente, os temas tratados no curso possibilitaram a descoberta das várias facetas existentes em Rousseau, um autor tão importante que nos deixou um legado de muita sabedoria, tanto através de sua vida como de suas obras.

Araraquara, fevereiro/2002.


Fonte: http://www.unicamp.br/~jmarques/cursos/rousseau2001/acs.htm

Quer saber mais,
http://www.centrorefeducacional.com.br/rousseau.html
http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0174/aberto/mt_72479.shtml
http://www.consciencia.org/fundamentosfilosofiamorente2.shtml

Fique agora com alguns vídeso sobre Rosseau.

From: claudiomarcio2007
Jean Jacques Rousseau - Sua Vida


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Jean Jacques Rousseau - Seu Legado para a Educação


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